Dedo gatilho

Dedo em Gatilho: Causas, Sintomas e Tratamento

A tenossinovite estenosante dos flexores dos dedos, popularmente conhecida como dedo em gatilho, é uma condição que provoca desconforto no trajeto dos tendões flexores, dificultando a flexão ou extensão dos dedos, e em casos mais avançados pode resultar até no travamento do movimento. 

Esses tendões passam dentro uma “bainha” ou polia, que é uma espécie de capa protetora, que facilita e permite o seu deslizamento. Porém, quando há inflamação, ocorre um espessamento dos tendões ou da bainha, que prejudica o movimento dos dedos, causando dor, rigidez e a sensação de que o dedo está travado em uma posição. 

O dedo em gatilho pode afetar qualquer dedo da mão, mas é mais comum no polegar, no dedo médio e no dedo anelar. Além disso, pode ocorrer em mais de um dedo simultaneamente, e em ambas as mãos.  

Essa condição é mais frequente em mulheres, com mais de 40 anos, que realizam atividades manuais repetitivas ou que têm doenças como artrite, diabetes, reumatismos, hipotireoidismo, entre outras comorbidades. 

Figura: Anatomia dos tendões flexores dentro das polias. Fonte: “Greens Operative Hand Surgery 8th edition”. 

Figura. Tendão flexor estenosado na polia A1. Fonte”Netter Orthophaedic Anatomy” 

Causas 

Existem diversos fatores que podem colaborar para o surgimento do dedo em gatilho: 

  • Lesões ou traumas prévios nos dedos ou nas mãos, que podem provocar inflamação ou cicatrização dos tendões ou da bainha; 
  • Atividades manuais repetitivas ou que exigem força, como digitar, costurar, tocar instrumentos musicais, usar ferramentas, entre outras, que podem causar desgaste ou sobrecarga dos tendões ou da bainha; 
  • Doenças que afetam os tendões ou as articulações, como artrite reumatoide, gota, diabetes, hipotireoidismo, entre outras, que podem alterar a estrutura ou a função dos tendões ou da bainha; 
  • Alterações hormonais, como as que ocorrem na gravidez, ou na menopausa, que podem influenciar na produção de líquido que lubrificam e permitem o deslizamento natural dos tendões; 
  • Predisposição genética, que pode tornar algumas pessoas mais suscetíveis a desenvolver o dedo em gatilho congênito, ao nascimento ou mesmo na infância. 

Principais sintomas 

Os sintomas do dedo em gatilho podem variar de acordo com a gravidade do caso, mas os mais comuns são: 

  • Dor na base do dedo afetado ou na palma da mão, que pode se irradiar para o restante do membro; 
  • Rigidez ou limitação do movimento do dedo afetado, especialmente pela manhã ou após períodos de repouso; 
  • Sensação de estalo ou clique ao dobrar, ou esticar o dedo afetado, como se houvesse um gatilho sendo acionado; 
  • Travamento do dedo em uma posição dobrada, que pode ser temporário ou permanente, e que pode exigir o uso da outra mão para desbloqueá-lo; 
  • Inchaço ou vermelhidão no dedo afetado, ou na palma da mão; 
  • Formação de um nódulo na base do dedo afetado, que pode ser palpável ou visível. 

 

Vídeo: Travamento do terceiro dedo. Fonte: “Acervo pessoal”. 

Qual tratamento para o dedo em gatilho? 

Existem diversos tratamentos que podem aliviar a dor do dedo em gatilho 

Em casos iniciais ou leves, o médico especializado em ortopedia e cirurgia das mãos poderá realizar um tratamento conservador. Esse tipo de tratamento pode envolver: 

  • Repouso do dedo afetado, evitando atividades que possam piorar os sintomas ou agravar a lesão; 
  • Uso de órteses de repouso para permitir a desinflamação do dedo acometido; 
  • Aplicação de compressas frias ou quentes no dedo afetado, para aliviar a dor e o inchaço; 
  • Uso de medicamentos anti-inflamatórios ou analgésicos, prescritos pelo médico, para ajudar a reduzir os sintomas; 
  • Para casos refratários ou moderados: Injeção de corticosteroides na bainha do tendão afetado, realizada pelo médico, para diminuir a inflamação e o espessamento, facilitando o deslizamento do tendão e aliviando os sintomas; 
  • Realização de exercícios com a terapia ocupacional, visando fortalecer, alongar e mobilizar os tendões, os músculos e as articulações da mão, a fim de melhorar a função e a amplitude de movimento do dedo acometido. 

Figura: Infiltração com corticóide direto sobre a polia A1. Fonte: “Greens Operative Hand Surgery 8th edition”. 

Figura: Uso de órtese de repouso. Fonte: “Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.

Caso o tratamento conservador não apresente melhoras ou em situações mais graves, a cirurgia é recomendada.  

Durante o procedimento cirúrgico para correção do dedo em gatilho, o cirurgião faz uma pequena incisão na mão para acessar e liberar a parte inicial da bainha do tendão (polia A1). Isso permite que o tendão se mova livremente, realizando flexão e extensão de forma normal. 

A cirurgia apresenta alta taxa de sucesso em relação ao travamento do dedo. 

Após a cirurgia pode ser necessária reabilitação para melhora dos sintomas. 

Para os casos de dedo em gatilho é importante frisar que é essencial o acompanhamento médico especializado, com o Cirurgião de mão, logo ao notar os primeiros sintomas. 

Figura: Liberação da polia A1. Fonte: ”Greens Operative Hand Surgery 7th edition” 

 

Figura: Exposição da polia A1. Fonte: “Pardini – Lesões Não Traumáticas da Mão, 2ed”. 

Figura: Liberação da polia A1. Fonte: “Greens Operative Hand Surgery 8th edition”. 

 

Figura: Tendão livre após a liberação da polia A1. Fonte: ”Greens Operative Hand Surgery 7th edition” 

Vídeo. Cirurgia após a liberação da polia A1 com melhora do engatilhamento. Fonte: “Acervo pessoal”. 

Ao notar qualquer sintoma nas mãos ou se necessitar qualquer auxílio, fale com um(a) Ortopedista especialista em Mão ou um Cirurgião de Mão. 

Você pode falar comigo através do Whatsapp, para tirar suas dúvidas ou marcar uma consulta e, assim e iniciar o diagnóstico e tratamento adequados para as patologias que acometem as mãos. 

Revisão médica: Dr. Erick Yoshio Wataya​

CRM SP 156728 | TEOT 15213
Médico ortopedista especialista em cirurgia de mão e microcirurgia

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