A tendinite de De Quervain, também conhecida como síndrome de De Quervain, é uma patologia que atinge o punho, mais precisamente a região da base do polegar, onde existem os tendões abdutor longo e extensor curto do polegar promovem o movimento abrir e esticar o polegar.
Esses tendões passam por um túnel fibroso na parte lateral do punho, chamado de bainha. Quando estes tendões ficam mais espessos, causam atrito nesta região, gerando uma inflamação que provoca dor e limitação dos movimentos do polegar.
A tendinite de De Quervain pode trazer muito incômodo para a realização de atividades diárias, além de reduzir o desempenho de esportistas.
Anatomia do abdutor longo e extensor curto do polegar dentro da bainha extensora (asterisco). Local de compressão e inflamação na Tendinite de De Quervain. Fonte: ” Greens Operative Hand Surgery 7th edition”.
Quais os sintomas da tendinite de De Quervain e como diferenciar de dores comuns no punho?
Os principais sintomas da tendinite de De Quervain são:
- Dor na base do polegar, que se irradia para o punho ou antebraço, especialmente ao realizar movimentos de pinça ou torção com o polegar;
- Inchaço e vermelhidão na região do punho;
- Sensibilidade ao toque na área afetada;
- Dificuldade para segurar objetos ou realizar atividades que envolvam o uso do polegar;
- Estalos ou crepitações no punho ao mover o polegar.
No entanto, estes sintomas também podem surgir por outras causas, como fraturas, rizartrose, artrite, síndrome do túnel do carpo, dentre outras patologias da mão.
Para diferenciar a tendinite de Quervain das demais condições devemos observar a localização e a característica da dor, além dos fatores desencadeantes da limitação dos movimentos.
Uma ação simples que pode ajudar no diagnóstico é o teste de Filkelstein,onde a pessoa deve flexionar o polegar em direção à palma da mão e dobrar os dedos em volta do polegar.
Depois, deve flexionar o punho, afastando-o do polegar, como se estivesse movimentando a mão para baixo.
Ao realizar este movimento, uma pessoa com tendinite de De Quervain pode sentir fortes dores no polegar e no punho, indicando uma inflamação nos tendões.
Teste de Filkeinstein realizado na Tendinite de De Quervain. Fonte: “Acervo pessoal”.
Causas e fatores de risco
Ainda não há consenso sobre a causa exata da tendinite de De Quervain, no entanto, acredita-se que o principal fator seja a sobrecarga dos tendões do polegar devido a movimentos repetitivos, ou alta demanda e impacto no punho.
Também é possível citar alguns fatores de risco que podem facilitar o surgimento e evolução desta doença:
- Praticar esportes que envolvam impacto ou torção do punho, como tênis, golfe, remo, ciclismo, entre outros;
- Realizar atividades profissionais ou domésticas que exijam movimentos frequentes ou prolongados do polegar ou do punho, como digitar, tocar instrumentos, costurar, tricotar, etc;
- Ter histórico de traumas ou lesões no punho, ou no polegar;
- Ter doenças inflamatórias ou degenerativas das articulações, como artrite reumatoide ou osteoartrite;
- Estar grávida ou amamentando, pois as alterações hormonais podem afetar os túneis por onde passam os tendões;
- Idade entre 30 e 50 anos;
- Mulher (a tendinite de Quervain é mais comum em mulheres do que em homens);
Exame de Ressonância Magnética mostrando inflamação no primeiro e no sexto compartimentos extensores. Fonte: Acervo pessoal.
Como gerenciar a dor da tendinite de De Quervain no dia a dia e durante a prática esportiva?
Praticantes de tênis, golfe, basquete, vôlei, lutas, dentre outros esportes que utilizam bastante as mãos, podem sofrer com dores e redução de movimentos por conta da tendinite de De Quervain.
Para gerenciar a dor e melhorar o desempenho das práticas esportivas, algumas ações podem ser realizadas para auxiliar no tratamento, como, por exemplo:
- Repousar o punho sempre que possível e evitar movimentos que causem dor ou agravem a lesão;
- Aplicar gelo na região afetada por 15 a 20 minutos, várias vezes ao dia, para diminuir o inchaço e a dor;
- Usar uma tala ou uma faixa elástica para estabilização do punho e o polegar;
- Tomar medicamentos anti-inflamatórios ou analgésicos, conforme prescrição médica, para aliviar a dor e a inflamação;
- Realizar terapia ocupacional para fortalecer os músculos do antebraço e do polegar, melhorar a amplitude de movimento e prevenir recidivas;
- Fazer exercícios e alongamentos específicos para o punho e o polegar, orientados por um profissional de saúde, para aumentar a flexibilidade e a resistência dos tendões;
- Adaptar as atividades diárias e esportivas, usando equipamentos adequados, como luvas, apoios de punho, raquetes ou manoplas ergonômicas, que reduzam o estresse sobre os tendões;
Órtese abdutora longa para polegar para tratamento da Tendinite de De Quervain. Fonte: “Acervo pessoal”.
Infiltração na tendinite de De Quervain. Fonte: ” Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.
O que fazer caso as dores continuem atrapalhando no dia a dia e na prática de esportes?
Quando esta patologia está em seus estados iniciais, é possível controlar as dores e as limitações de movimento utilizando medicamentos para diminuir a inflamação, além de realizar exercícios e alongamentos específicos para fortalecer o punho e aliviar a tensão.
Caso os exercícios e medicamentos prescritos por um médico ortopedista especializado não causem o efeito esperado, pode ser necessário realizar uma intervenção cirúrgica para liberar os tendões da bainha e aliviar a pressão sobre eles.
A cirurgia é um procedimento que geralmente tem bons resultados.
Tendões do primeiro compartimento extensor acometidos. Fonte: Fonte: ” Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.
Abertura do primeiro compartimento extensor. Fonte: “Pardini Lesões não traumáticas da mão, 2 Ed.”.
Se tiver qualquer dúvida sobre este procedimento, sobre quais medicamentos utilizar, que tipo de exercícios podem auxiliar na recuperação da tendinite de De Quervain, fale comigo pelo Whatsapp.
