Você já sentiu dor no punho? O punho é uma das articulações mais complexas do corpo humano, composto por múltiplos ossos, ligamentos e tendões que permitem uma ampla variedade de movimentos e funções.
Por conta desta complexidade, quando identificamos alguma dor no punho, é importante buscar um médico ortopedista especialista em cirurgia de mão e microcirurgia para identificar a causa real da dor, e iniciar o tratamento adequado.
Ao negligenciar a dor no punho podemos colaborar para o surgimento de diversas lesões graves, que podem inclusive dificultar o movimento das mãos e dedos, trazendo enormes complicações na qualidade de vida.
Por isso, a seguir, listamos as principais lesões que podem gerar dor no punho e, caso você sinta algum sintoma e suspeite que possa sofrer com alguma dessas patologias, busque imediatamente um médico especializado.
1. Síndrome do Túnel do Carpo
A síndrome do túnel do carpo (CID 10 – G56.0) é uma das mais frequentes patologias que acometem as mãos, sendo muito comum em mulheres na faixa dos 30 a 50 anos e em 60% dos casos é bilateral, afetando as duas mãos.
A síndrome do túnel do carpo é uma condição comum que provoca dormência e formigamento no punho e na mão, além de dificuldade nos movimentos e dores nas mãos e nos dedos.
Esses sintomas ocorrem devido à compressão do nervo mediano, localizado na face palmar do punho, responsável pela sensibilidade e movimento de partes da mão.
Por ser uma passagem estreita na base do punho, feita por ligamentos e ossos adjacentes, pode ocorrer compressão do nervo que por ali passa, causada por vários fatores, como inflamação dos tendões e doenças metabólicas como diabetes e hipotireoidismo.
Nos casos mais brandos o tratamento envolve o uso de anti-inflamatórios, colocação de órteses imobilizadoras de punho e terapia ocupacional a fim de reabilitar o nervo afetado.
Em casos mais graves, pode ser necessário realizar cirurgia para a liberação do túnel do carpo e descompressão do nervo.
Figura: Nervo mediano dentro do túnel do carpo. Fonte: “Netter Orthopaedic Anatomy”.
2. Tendinites
Tendinite é a inflamação de um tendão, a estrutura fibrosa que conecta o músculo ao osso. No punho, a tendinite pode ocorrer em diversos tendões, como os extensores dos dedos ou o tendão do músculo flexor radial do carpo.
Os sintomas da tendinite incluem dor, inchaço, rigidez e fraqueza na região afetada. A dor pode ser agravada pelo movimento do punho ou da mão, especialmente durante atividades que utilizam os músculos inflamados.
O tratamento geralmente envolve repouso, aplicação de gelo, uso de medicamentos anti-inflamatórios e fisioterapia. Em casos mais graves, pode ser necessária uma cirurgia para descompressão do tendão danificado.
3. Entorses e Fraturas
Entorses e fraturas são lesões comuns em atletas e pessoas que sofrem quedas ou acidentes.
Um entorse ocorre quando os ligamentos que unem os ossos do punho são estirados ou rasgados, causando dor, inchaço e limitação funcional.
Já as fraturas podem envolver qualquer um dos ossos que compõem o punho (rádio, ulna e ossos do carpo).
Casos mais simples podem ser tratados com medicamentos, imobilização do membro e fisioterapia.
No entanto, casos em que há grande dano aos ligamentos ou ossos, necessitam de cirurgia a fim de reconstituir a estrutura lesionada, visando melhora da dor e da função.
– Figura: Instabilidade clínica pela ruptura do ligamento colateral do polegar. Fonte: acervo pessoal.
4. Artrite
A artrite é uma doença inflamatória que atinge as articulações, como as que estão presentes no punho.
Existem vários tipos de artrite que podem afetar a mão e o punho, incluindo osteoartrite primária, artrite reumatoide, artrite psoriática e artrite infecciosa, por exemplo.
Os sintomas da artrite na mão e no punho incluem dor, inchaço, rigidez e dificuldade em movimentar a articulação afetada. A dor pode ser mais intensa pela manhã ou após períodos prolongados de inatividade.
Em casos graves, a artrite pode causar deformidades nas articulações e limitar a capacidade funcional desta área.
O tratamento da artrite na região do punho pode envolver o uso de medicamentos anti-inflamatórios, fisioterapia, aparelhos ortopédicos para imobilização da articulação afetada e, em casos graves, cirurgia.
Figura: Rizartrose grave com deformidade na base do polegar e hiperextensão da articulação metacarpo falangeana. Fonte: “Acervo pessoal”.
5. Lesão da fibrocartilagem triangular
O “complexo da fibrocartilagem triangular”, do inglês Triangular Fibrocartilage Complex (TFCC), é uma estrutura que faz a união entre a porção distal do rádio, a porção distal da ulna, com os ossos do carpo.
Esta fibrocartilagem funciona como uma “proteção” para as estruturas que compõem esta região, ao absorver impactos e transmitir força, agindo como amortecedor, de maneira análoga aos meniscos do joelho.
Além disso, a fibrocartilagem triangular cobre a cabeça da ulna, realizando uma conexão forte, porém flexível, na articulação com o rádio. Isso permite uma rotação entre estes ossos, o que promove o movimento de prono-supinação, ou seja, a capacidade de virar a palma da mão para cima e para baixo.
As lesões na fibrocartilagem triangular podem acontecer devido a traumas, como uma queda, movimentos repetitivos, como os realizados por um jogador de tênis, ou em decorrência de lesões degenerativas, secundária a movimentos repetitivos crônicos.
O tratamento em seus estágios iniciais envolve o uso de analgésicos e anti-inflamatórios para a diminuição da dor e cicatrização da fibrocartilagem; realização de reabilitação com terapia ocupacional, visando à recuperação da força e das funções do membro; uso de órteses, que promovem o repouso articular e evitam o agravamento da lesão; e, em alguns casos, infiltração local com corticoides, que também pode promover melhora da dor e da inflamação.
Em casos mais graves pode ser realizada uma artroscopia, procedimento pouco invasivo, onde são realizadas pequenas incisões na região do punho, permitindo a reparação das lesões da fibrocartilagem em seu sítio de origem.
Figura: Desenho da porção superficial e profunda dos ligamentos radio ulnares dorsais e volares que compõem o CFCT. Fonte “Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.
6. Síndrome de De Quervain
A síndrome de De Quervain é uma condição inflamatória que atinge principalmente mulheres entre 30 e 50 anos de idade, afetando o tendão abdutor longo e o extensor curto do polegar, em uma região onde atravessa uma bainha fibrosa espessa.
A tenossinovite de De Quervain acontece quando ocorre um processo inflamatório da membrana que recobre os tendões que passam pelo primeiro compartimento extensor, devido ao aumento do atrito entre estas estruturas.
Apesar de não haver causas específicas para o surgimento desta patologia, estudos mostram que há relação entre o uso excessivo de celulares, digitação e outros movimentos repetitivos.
Algumas doenças preexistentes também podem colaborar para a inflamação nos tendões e o surgimento desta patologia, tais como diabetes, gota e artrite reumatoide.
Os tratamentos em casos leves são feitos através da utilização de anti-inflamatórios, imobilização do polegar e punho com órteses, além de fisioterapia ou terapia ocupacional para diminuir o impacto negativo de certos movimentos.
Em casos mais graves pode ser necessário realizar infiltração local de corticosteroides e até mesmo procedimento cirúrgico.
Figura: Abdutor longo e Extensor Curto do polegar acometidos na Tendinite de De Quervain. Fonte: “Netter Orthopaedic Anatomy”.
O que fazer se sentir dor no punho?
Se você está sentindo qualquer desconforto no punho, nas mãos ou dedos, é essencial procurar um médico ortopedista com especialização em cirurgia das mãos e microcirurgias.
A mão é uma região extremamente sensível, constituída por ossos, tendões e músculos diminutos. Por isso é imprescindível que o acompanhamento e os procedimentos cirúrgicos sejam realizados por um especialista em lesões nesta área.
Se você precisar de um médico especialista em lesões e patologias que acometem as mãos, fale comigo e me deixe ajudar a eliminar dores e melhorar sua qualidade de vida!
