O surgimento de cistos na mão e no punho é bastante comum na população. Este “caroço” de consistência amolecida pode vir acompanhado de dor e até dificultar a movimentação.
Apesar de não ser uma condição grave, é importante saber qual a melhor forma de tratamento para evitar complicações e garantir o reestabelecimento dos movimentos e da qualidade de vida.
Figura: Cisto sinovial dorsal entre os tendões e os ligamentos. Fonte: “ Netter Orthopaedic Anatomy”.
O que é um cisto?
O cisto é um tipo de tumor benigno, uma bolsa cheia de líquido que se forma sob a pele, principalmente na região dos dedos ou punho.
Este líquido, chamado de líquido sinovial, fica contido por ligamentos dentro das articulações e pode extravazar gerando este abaulamento semelhante a um nódulo móvel.
O cisto pode variar de tamanho, que varia de alguns milímetros até alguns centímetros, e pode ser visível ou não, podendo causar dor, rigidez, limitação de movimento ou alteração da sensibilidade. Podem também comprometer a parte estética, ficando bastante aparentes quando em grande tamanho.
Os cistos em geral são mais comuns em mulheres com idade entre 20 e 40 anos.
Figura: Cisto dorsal entre os compartimentos extensores. Fonte: ““Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.
Figura: Cisto de bainha tendínea. Fonte: ““Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.
Tipos de cistos
Existem alguns tipos de cistos que podem ocorrer na mão e no punho.
A maior parte é o cisto sinovial na região do dorso do punho, que fica na topografia do ligamento escafo semilunar entre os tendões que fazer o movimento de extender o polegar e os dedos. O segundo tipo mais comum é o cisto volar, que fica na parte anterior do punho, adjacente ao tendão que flete o punho e à artéria radial.
Outros tipos de cistos incluem o cisto mucoso, que acomete mais frequentemente a articulação interfalangeana distal e está bastante relacionada a degeneração articular que ocorre na osteoartrose e pode gerar deformidades na unha. Outro tipo de cisto é o de bainha, que ocorre na palma da mão, pelas superfícies dos túneis osteofibrosos dos flexores dos dedos e adjacente à polia A1. O cisto mucoso pode gerar dor, limitação de movimento e engatilhamento do dedo.
Figura: Cisto sinovial volar adjacente ao nervo ulnar. Fonte: “Pardini – Lesões Não Traumáticas da Mão, 2ed”.
Figuras: Cisto sinovial volar, de polia e dorsal. Fonte: “Pardini – Lesões Não Traumáticas da Mão, 2ed”.
Figura: Cistos mucosos relacionados a artrose de interfalangeanas distais. Fonte: “Pardini – Lesões Não Traumáticas da Mão, 2ed”.
Como é feito o diagnóstico?
O exame clínico é a forma inicial de avaliação e de fazer a hipótese diagnóstica.
É importante analisar a localização, o tamanho, a consistência, a mobilidade do cisto e a possibilidade de compressão de estruturas como nervos, tendões e vasos.
Em alguns casos, pode ser necessário realizar exames complementares, como ultrassom ou ressonância magnética para complementar a avaliação clínica inicial.
Figura: Ressonância Magnética demonstrando o cisto volar. Fonte: “Pardini – Lesões Não Traumáticas da Mão, 2ed”.
Quais opções de tratamento para o cisto sinovial?
Existem diversas opções de tratamento que são discutidos a partir das queixas do paciente. O tamanho do cisto, sua localização, sintomas associados são critérios a serem levados em conta durante a consulta.
Em alguns casos o cisto pode desaparecer espontaneamente. Em outros casos podem ser utilizadas órteses para imobilizar a articulação, compressas frias ou quentes, uso de anti-inflamatórios e terapia ocupacional, para controlar a dor e os sintomas.
Caso o tratamento conservador não tenha o efeito desejado é possível realizar a aspiração do cisto. Ela pode ser feita com anestésicos e após aspirado pode-se infundir uma solução com corticoide para colabar as paredes do cisto e prevenir o seu preenchimento.
Em casos mais graves ou refratários ao tratamento conservador há possibilidade de remoção do cisto através de procedimento cirúrgico. A cirurgia pode ser realizada de maneira convencional/ aberta ou por método minimamente invasivo através de artroscopia.
É importante ressaltar que é essencial consultar um médico ortopedista especialista em cirurgia de mão e microcirurgia para uma avaliação segura e indicação correta do melhor tratamento.
Figuras: Ressecção artroscópica de cisto sinovial dorsal. Fonte: ““Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.
Figura: Cisto sinovial dorsal entre os tendões e os ligamentos. Fonte: “ Netter Orthopaedic Anatomy”.
Figura: Cisto sinovial ressecado por técnica aberta. Fonte: Acervo pessoal.
Quais os cuidados pós-operatórios?
Após a cirurgia para a remoção do cisto, é importante seguir as orientações do médico para evitar complicações, como infecção ou recidiva:
- Manter o curativo limpo e seco até a retirada dos pontos.
- Evitar movimentos bruscos ou forçados com a mão operada.
- Elevar a mão acima do nível do coração sempre que possível para reduzir o edema.
- Fazer exercícios leves com os dedos para manter a circulação e a flexibilidade.
- Tomar os medicamentos para aliviar a dor.
- Retornar ao médico para avaliação periódica e acompanhamento.
- Iniciar reabilitação conforme prescrição do médico
Vale ressaltar que o cisto na mão ou no punho é uma condição comum e benigna, que pode ser tratada de forma eficaz.
Além disso, mesmo nos casos em que é necessária cirurgia, o procedimento costuma ser simples e permite que o paciente volte às suas atividades de rotina brevemente.
A mão e o punho são regiões extremamente sensíveis, constituídas por ossos, tendões e músculos diminutos. Por isso é imprescindível que o acompanhamento e os procedimentos cirúrgicos sejam realizados por um especialista em lesões nesta área.
Se você precisar de um médico especialista em lesões e patologias que acometem as mãos, fale comigo .