Plexo Braquial

Lesão de Plexo Braquial: o que é e como tratar? 

A lesão do plexo braquial afeta os nervos que conectam a medula espinhal aos músculos do membro superior que inervam o ombro, braço, cotovelo, punho, mão e dedos. Esses nervos são vitais para a comunicação entre o cérebro e os membros superiores, transmitindo os sinais que controlam os movimentos e a sensibilidade da região.  

Quando o plexo braquial sofre lesão, essa comunicação é interrompida, resultando em uma série de problemas que podem variar de fraqueza muscular a paralisia completa, que pode impactar significativamente a qualidade de vida do indivíduo.  

A seguir, vamos explorar as causas, os sintomas, o diagnóstico e as opções de tratamento disponíveis para este tipo de lesão.

Figura: Tipos de lesão do plexo braquial. Fonte “Greens Operative Hand Surgery 8th edition”. 

Entendendo o plexo braquial 

O plexo braquial é uma estrutura anatômica complexa, uma rede de nervos que se origina na medula espinhal, especificamente nas vértebras cervicais e torácica superior (C5-T1).  

Imagine-o como uma rede de cabos que transmitem impulsos. Esses nervos se ramificam e se entrelaçam, formando os principais nervos responsáveis pelo controle dos músculos do ombro, braço, antebraço e mão.  

Essa estrutura garante não apenas a força e a capacidade de realizar movimentos complexos, mas também a sensibilidade tátil, térmica e dolorosa. Qualquer dano a esses nervos, por menor que seja, pode comprometer significativamente a função dos membros superiores.

Figura: Anatomia do plexo braquial. Fonte “Greens Operative Hand Surgery 8th edition”. 

O que pode causar a lesão do plexo braquial?

As lesões do plexo braquial podem ter diversas origens, desde traumas físicos em acidentes, até complicações durante o trabalho de parto.  

As principais causas das lesões traumáticas do plexo braquial do adulto são os acidentes de trânsito, com mais de 80% das lesões decorrentes de acidentes envolvendo motocicletas. 

Quedas e lesões esportivas também podem causar estiramento, laceração ou compressão dos nervos do plexo braquial.  

Em recém-nascidos, a lesão pode ocorrer durante o parto, especialmente em partos difíceis, quando há dificuldade na passagem pelo canal de parto.  

Tumores na região do pescoço ou da axila também podem comprimir ou invadir o plexo braquial, causando danos progressivos.  

Além disso, a radioterapia, utilizada no tratamento do câncer, pode, como efeito colateral, danificar os nervos da região.  

 

Figura: Mecanismo de trauma de lesão. Fonte “Greens Operative Hand Surgery 8th edition”. 

Principais sintomas 

Os sintomas da lesão do plexo braquial são variáveis e dependem da gravidade e da localização da lesão.  

A dor é um sintoma frequente, podendo ser intensa e persistente, variando de uma dor forte a uma sensação de queimação.  

A fraqueza muscular é outro sintoma comum, afetando a capacidade de realizar tarefas que exigem força e coordenação no ombro, braço, antebraço e mão. Levantar objetos, escrever, abotoar uma camisa – atividades simples podem se tornar desafiadoras.  

A perda de sensibilidade também é comum, manifestando-se como dormência, formigamento ou perda completa da sensibilidade na área afetada.  

Em casos graves, a lesão pode culminar na paralisia completa do membro superior. Com o passar do tempo, a lesão do plexo braquial pode levar ao desenvolvimento de deformidades nos membros superiores, como subluxação do ombro e atrofia do membro lesionado. 

Qual tratamento para lesão do plexo braquial? 

As opções de tratamento para a lesão do plexo braquial variam conforme a gravidade e a causa da lesão.  

Em casos leves, iniciais e que apresentam bom prognóstico, o tratamento conservador, com foco em fisioterapia e terapia ocupacional, pode ser suficiente para restaurar a função e aliviar os sintomas.  

A reabilitação visa fortalecer os músculos, melhorar a amplitude de movimento e restaurar a função do membro afetado.  

Em casos mais graves, a intervenção cirúrgica pode ser necessária. As opções cirúrgicas incluem enxertos de nervos, transferências de nervos e transferências musculares, visando restaurar a função e minimizar as sequelas.  

O objetivo cirúrgico inicial é priorizar o retorno do movimento de flexão de cotovelo, abdução e rotação externa do ombro. 

Nas fases iniciais ou agudas, até aproximadamente um ano decorrente da lesão, a cirurgia para recontrução de nervos está indicada: como exploração do plexo, neurólise, reconstrução com uso de enxerto e as transferências de nervo ou neurotizações. 

Figura. Reconstrução de plexo braquial com uso de enxerto de nervo. Fonte “Greens Operative Hand Surgery 8th edition”. 

Figura: Área doadora do enxerto proveniente do nervo sural na perna. Fonte “Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.  

 

Figura. Neurotização de nervo espinal acesssório para supraescapular para recuperação de rotação externa do ombro. Fonte “Greens Operative Hand Surgery 8th edition”. 

Figura. Neurotização de Oberlin para recuperação de flexão do cotovelo. Fonte “Greens Operative Hand Surgery 8th edition”. 

Figura: Neurotização de nervos intercostais para ramo motor do biceps para recuperar flexão do cotovelo em lesões totais do plexo braquial. Fonte “Greens Operative Hand Surgery 8th edition”. 

Figura: Neurotização de Leechavengvongs para recuperação de abdução do ombro. Fonte “Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.

Nas fases tardias ou crônicas, em que já houve degeneração da placa neuromuscular, as cirurgias neurológicas não são mais eficazes e nesses casos pensamos em cirurgias ortopédicas como transferências musculares e tendíneas, osteotomias e artrodeses por exemplo. 

Figura: Transferência muscular livre do músculo grácil para flexão do cotovelo e extensão de dedos e lesões crônicas e totais do plexo braquial. Fonte “Greens Operative Hand Surgery 8th edition”. 

Figura: Artrodese de ombro. Fonte “Greens Operative Hand Surgery 8th edition”. 

Figura: Transferência do músculo Grande Dorsal para recuperar flexão do cotovelo. Fonte “Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.  

O controle da dor é um aspecto importante do tratamento e, por isso, analgésicos e medicamentos anti-inflamatórios podem ser prescritos para aliviar o desconforto, junto com a avaliação e seguimento do grupo da dor e do fisiatra. 

Todos os casos de lesão de plexo braquial são complexos e necessitam a avaliação individualizada para a melhor conduta e seguimento, portanto, a expertise de um médico ortopedista especialista em cirurgia da mão e microcirurgia é fundamental. A microcirurgia permite a reparação de nervos, utilizando técnicas avançadas e instrumentos de alta precisão.  

A experiência e o conhecimento aprofundado de um especialista podem fazer toda a diferença no sucesso do tratamento e na recuperação da função do membro afetado. 

É essencial que o acompanhamento e os procedimentos cirúrgicos sejam realizados por um profissional qualificado, a fim de evitar que qualquer condição se agrave, tornando-se incapacitante e prejudicando sua qualidade de vida. Por isso, converse comigo e esclareça suas dúvidas, para podermos garantir a saúde total de suas mãos.

Revisão médica: Dr. Erick Yoshio Wataya​

CRM SP 156728 | TEOT 15213
Médico ortopedista especialista em cirurgia de mão e microcirurgia

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