As fraturas do escafoide são mais comuns do que imaginamos, pois representa cerca de 60% das fraturas ocorridas na região do carpo, sendo uma das principais lesões que podem gerar dor no punho.
Elas ocorrem principalmente em jovens, entre 15 e 30 anos, que praticam esportes de contato ou que sofreram quedas sobre a mão espalmada.
O escafoide é um dos oito ossos que formam o carpo, a parte do punho que se articula com o antebraço e a mão. Ele tem um formato semelhante a um barco, fica localizado na parte lateral do punho, próximo ao polegar.
Existem duas fileiras de ossos no carpo, na região do punho: uma próxima ao antebraço e outra próxima à mão. O escafoide fica entre essas duas fileiras e está propenso a fraturas.
Figura: O escafoide fica localizado na primeira fileira do carpo. Fonte: “ Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.
Figura: Vascularização do escafoide. Fonte: “ Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.
Quais os sintomas de fraturas do escafoide?
Os sintomas de fraturas do escafoide podem variar conforme a gravidade da lesão e o tempo decorrido do trauma. Algumas fraturas podem ter sintomas leves que passam desapercebidas pelo paciente, que acaba procurando atendimento médico apenas quando a dor persiste ou piora.
No geral, os sintomas são:
- Dor na região do punho, principalmente na parte lateral próxima ao polegar;
- Inchaço e hematoma no local da fratura;
- Dificuldade para movimentar o punho e o polegar;
- Perda de força na mão afetada.
Figura: Mecanismo de trauma da fratura de escafoide. Fonte: “Pardini – Lesões Traumáticas da Mão, 4ed”.
O que causa este tipo de fratura?
As fraturas do escafoide ocorrem quando há uma força excessiva sobre o osso, geralmente podendo ser causada por:
- Quedas sobre a mão estendida;
- Traumas diretos no punho, como socos ou batidas;
- Torções ou movimentos bruscos do punho.
Além disso, alguns fatores podem aumentar o risco de fraturar o escafoide, como:
- Praticar esportes de contato, como futebol, basquete ou skate;
- Ter osteoporose ou outras doenças que enfraquecem os ossos;
- Não usar equipamentos de proteção adequados ao realizar atividades que envolvem o punho.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico das fraturas do escafoide é feito por meio de uma avaliação clínica e de exames de imagem. O médico ortopedista especializado em patologias das mãos irá examinar o punho do paciente, observando os sinais clínicos que podem sugerir fratura. Em seguida, poderão ser solicitados exames de imagem para confirmar a presença e a gravidade da fratura. Os exames mais utilizados são:
- Raio-X: é o exame mais simples e rápido para detectar as fraturas do escafoide. No entanto, pode não demonstrar as fraturas mais sutis ou recentes, que podem demorar cerca de duas semanas para aparecerem nas radiografias.
- Tomografia computadorizada: é um exame mais detalhado e preciso que o raio-X, capaz de mostrar fraturas menores ou ocultas. Também permite avaliar lesões associadas em outros ossos e auxiliar no planejamento da cirurgia.
- Ressonância magnética: é o exame mais sensível e específico para diagnosticar as fraturas do escafoide. Avalia as alterações ósseas e ligamentares que podem ocorrer, além de auxiliar a avaliação da circulação sanguínea.
Figura: Raio-x demonstrando a fratura do escafoide. Fonte: “ Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.
Figura: Ressonância Magnética demontrando fratura de escafóide. Fonte: “Pardini – Lesões Traumáticas da Mão, 4ed”.
Como é feito o tratamento das fraturas do escafoide?
O tratamento das fraturas do escafoide depende da localização, da gravidade e do tempo da fratura. O objetivo é promover a consolidação óssea e restaurar a função normal do punho e da mão.
O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico.
O tratamento conservador consiste em imobilização do punho com tala, gesso ou órtese por um período de 6 a 12 semanas, dependendo da evolução do caso. Durante esse tempo, o paciente deve fazer acompanhamento médico regular e realizar exames de imagem para verificar se a consolidação da fratura.
O tratamento cirúrgico é indicado nos casos em que a fratura é desviada, instável, cominutiva (com vários fragmentos) ou com comprometimento vascular. A cirurgia consiste em reduzir, alinhar e estabilizar os fragmentos ósseos com parafusos, placas ou fios metálicos.
A vantagem da cirurgia é que é possível uma recuperação mais rápida e menor risco de complicações como não consolidação da fratura.
Em ambos os casos, o paciente deve fazer terapia ocupacional ou fisioterapia após a retirada da imobilização, visando recuperar mobilidade, força e sensibilidade do punho.
Figura: Fratura tratada com mini parafuso do tipo Hebert. Fonte: “ Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.
O que pode acontecer caso a fratura não seja tratada?
Como a fratura no escafoide pode ocorrer sem apresentar sintomas evidentes, é possível que o paciente passe meses ou anos sem procurar auxílio médico e ter risco de complicações como:
- Retardo de consolidação: ocorre quando a fratura demora mais do que o esperado para consolidar, podendo levar a uma pseudartrose (falsa articulação entre os fragmentos ósseos).
- Necrose avascular: ocorre quando o suprimento de sangue para o osso é interrompido pela fratura, levando à morte das células ósseas e à deformidade/ colapso do osso.
- Artrose pós-traumática: ocorre quando a fratura causa um desgaste da cartilagem articular, acometendo também os outros ossos do carpo. Pode provocar dor, rigidez e limitação do movimento do punho.
Figura: Pseudoartrose de escafóide. Fonte: “Pardini – Lesões Traumáticas da Mão, 4ed”.
Figura: Raio-x com artrose e colapso avançado após pseudoartrose de escafóide. Fonte: “ Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.
Por isso, para prevenir complicações em casos de traumas na mão e no punho, é fundamental procurar um médico ortopedista especializado em patologias das mãos.
Em caso de dúvidas, marque sua consulta e vamos juntos restabelecer seus movimentos!