Como ocorre a lesão de Stener

Como ocorre a lesão de Stener

A lesão de Stener é uma das lesões mais comuns em esportistas que utilizam bastante a mão, como goleiros e esquiadores.

Por isso, a lesão do ligamento colateral ulnar da articulação metacarpofalangeana do polegar (Lesão de Stener) é também conhecida como Skier’s Thumb (polegar do esquiador) ou lesão de esquiador.

A seguir explicaremos melhor como esta lesão ocorre, quais sintomas e como você pode tratar.

Como ocorre a lesão de Stener

Esta lesão costuma ocorrer quando há um trauma abrupto no polegar, gerando uma grande abertura do mesmo, deslocando-o de sua posição habitual.

Pode acontecer quando uma bola bate e “abre” demais o dedo de um goleiro, quando um esquiador cai segurando o bastão de apoio e este promove uma abertura excessiva do polegar, ou ao tentar apoiar a mão espalmada durante uma queda, ocasionando uma distensão do ligamento até sua ruptura.

O ligamento colateral ulnar da articulação metacarpofalangeana do polegar, local onde ocorre a lesão de Stener, tem como função restringir/limitar o desvio radial dessa articulação, ou seja, estabilizar a articulação e não permitir que o polegar desvie para lateral.

A ruptura desse tendão pode gerar instabilidade nessa articulação, impedindo movimentos de pinça, enfraquecendo a mão, dificultando até o simples ato de segurar objetos.

Em algumas lesões deste ligamento, basta repouso e imobilização para que ocorra a cicatrização e normalização dos movimentos.

No entanto, quando ocorre a lesão de Stener, acontece a interposição da aponeurose do músculo adutor do polegar entre a falange proximal do polegar e o ligamento colateral ulnar, impedindo a cicatrização do ligamento, pela falta de contato entre eles.

Ou seja, o ligamento colateral ulnar acaba saindo de seu lugar natural, não fica em contato com a outra parte do ligamento rompido e, por isso, não é possível ocorrer uma cicatrização natural.

Dessa maneira, é necessária uma intervenção cirúrgica para colocar os dois cotos dos ligamentos rompidos em contato novamente e permitir sua cicatrização.

Lesão do ligamento colateral ulnar do polegar e interposição do adutor do polegar- Lesão de Stener. Fonte: ““Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.

Lesão do ligamento colateral ulnar do polegar e interposição do adutor do polegar- Lesão de Stener. Fonte: ““Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.

Quais sintomas?

Os principais sintomas da lesão de Stener envolvem dor, inchaço, limitação da mobilidade no polegar e instabilidade da articulação.

Esta instabilidade costuma ser o principal sintoma, ocasionando perda de força para realização do movimento de pinça (movimento de união entre o polegar e o indicador), dificultando a escrita, abertura de fechaduras e segurar objetos.

Neste caso o paciente pode sentir que a articulação está mais móvel do que deveria, com sensação de que o dedo saiu do lugar.

Figura: Instabilidade clínica pela ruptura do ligamento colateral do polegar. Fonte: acervo pessoal.

Figura: Instabilidade clínica pela ruptura do ligamento colateral do polegar. Fonte: acervo pessoal.

Como é feito o diagnóstico?

O primeiro diagnóstico é clínico, com o médico fazendo uma avaliação visual da mobilidade e estabilidade da articulação da base do polegar.

O médico costuma mexer no dedo onde há suspeita de lesão, a fim de analisar se ele está realizando uma abertura excessiva, fora dos padrões normais.

Em alguns casos, a musculatura que não está lesionada do dedo consegue disfarçar esta instabilidade ligamentar e, por isso, o exame visual pode ser falso negativo.

Nestes casos, geralmente o paciente apresenta dor forte, sendo necessários exames diagnósticos.

O raio-x é capaz de excluir fraturas ou luxações que podem estar associadas a esta lesão. O raio-x com estresse e comparativo ao lado contra lateral permite avaliar ainda melhor o grau de instabilidade, porém em muitas vezes, o paciente não consegue realizar o raio-x forçado devido a dor.

Ainda assim, em algumas ocasiões o raio-x pode não ser suficiente para indicar alguma lesão. Por isso, é necessário outro exame subsidiário como ultrassom ou ressonância magnética.

Este último costuma ser o mais indicado e assertivo para o diagnóstico da lesão de Stener. A ressonância irá demonstrar a interposição da aponeurose do adutor do polegar entre o ligamento e a área onde ele deveria estar no osso.

A partir do momento que o exame de imagem consegue mostrar objetivamente que existe a lesão neste ligamento do polegar, o médico está apto a avaliar a extensão dos danos e qual o melhor tratamento a ser realizado.

Figura: Raio- x com estresse dinânimo evidenciando a abertura e instabilidade do polegar. Fonte: acervo pessoal.

Figura: Raio- x com estresse dinânimo evidenciando a abertura e instabilidade do polegar. Fonte: acervo pessoal.

Figura: RNM demostrando lesão do ligamento colateral ulnar do polegar. Fonte: acervo pessoal

Figura: RNM demostrando lesão do ligamento colateral ulnar do polegar. Fonte: acervo pessoal

Como tratar a lesão de Stener?

O tratamento da lesão do ligamento colateral ulnar do polegar dependerá do grau da lesão.

Se ocorrer uma lesão incompleta, onde não há interposição entre o ligamento e o local da ruptura, é possível tratar de modo conservador com imobilização através de órtese de posicionamento do polegar.

Quando acontece uma lesão completa, onde acontece a interposição da aponeurose, a lesão de Stener propriamente dita, é necessário realizar intervenção cirúrgica.

Neste caso, apenas a cirurgia conseguirá colocar o ligamento no lugar correto, em contato com o restante deste ligamento, promovendo, assim, a cicatrização completa.

A cirurgia promoverá o reparo do ligamento e após o procedimento deverá haver um período de imobilização com órteses de posicionamento de 4 a 6 semanas.

Também é necessário realizar terapia ocupacional para recuperação da força, amplitude de movimento e de propriocepção no movimento de pinça do polegar.

Cada caso deverá ser analisado por um médico especialista em cirurgia das mãos e microcirurgias que irá indicar qual o melhor tratamento, permitindo o retorno mais rápido às atividades do dia a dia.

Figura: Órtese para polegar usada para tratamento conservador e no período pós operatório. Fonte: acervo pessoal.

Figura: Órtese para polegar usada para tratamento conservador e no período pós operatório. Fonte: acervo pessoal.

Figura: Reinserção do ligamento colateral ulnar do polegar com uso de mini ancoras. Fonte: SutureTak® Thumb Collateral Ligament Repair- Arthrex

Figura: Reinserção do ligamento colateral ulnar do polegar com uso de mini ancoras. Fonte: SutureTak® Thumb Collateral Ligament Repair- Arthrex

Qual médico procurar para tratar a lesão de Stener?

A lesão de Stener deve ser tratada por um médico ortopedista, principalmente aqueles com especialização em cirurgia das mãos e microcirurgias.

Por ser uma região extremamente sensível e com ossos, tendões e músculos diminutos, é imprescindível que o acompanhamento e procedimentos cirúrgicos sejam realizados por um especialista em lesões nesta área do corpo.

Se você precisa de um médico especialista em lesões e patologias que acometem as mãos, fale comigo e me deixe ajudar a eliminar dores e melhorar sua qualidade de vida!

Revisão médica: Dr. Erick Yoshio Wataya​

CRM SP 156728 | TEOT 15213
Médico ortopedista especialista em cirurgia de mão e microcirurgia

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