O tumor glômico é uma doença rara, que afeta as estruturas vasculares da pele, chamadas de glomos. Eles são responsáveis por regular a temperatura e o fluxo sanguíneo da pele, especialmente nas extremidades do corpo, como dedos, mãos e pés.
O tumor glômico é uma neoplasia benigna, ou seja, não é cancerígena. Representa em torno de 2% de todos os tumores de tecidos moles e pode causar muita dor e desconforto aos pacientes.
O que é o tumor glômico?
O tumor glômico é uma lesão que se origina dos glomos, pequenas formações de células musculares lisas que envolvem uma arteríola e uma vênula.
Estas estruturas estão presentes em maior quantidade nas regiões subungueais (abaixo das unhas), nas polpas digitais, nas palmas das mãos e nas plantas dos pés.
O tumor glômico foi descrito pela primeira vez em 1812 por William Wood. No entanto, a causa desta doença ainda é desconhecida, mas acredita-se que possa estar relacionada a fatores genéticos, traumáticos ou inflamatórios.
Esta doença representa cerca de 1% a 5% dos tumores de mão e tem uma incidência estimada de 1,6 casos por 100 mil habitantes por ano. A maioria dos casos ocorre em adultos entre 20 e 40 anos, sendo mais frequente em mulheres do que em homens. Além disso, pode ser solitária ou múltipla, sendo esta última mais rara e associada a síndromes genéticas.
Figura: Tumor glômico abaixo da unha e após a ressecção. Fonte: “ Greens Operative Hand Surgery 8th edition”
Quais são os sintomas do tumor glômico?
O principal sintoma do tumor glômico é a dor intensa, que costuma vir em forma de crises, acometendo a região afetada. A dor pode ser desencadeada por estímulos mecânicos (como pressão ou trauma), térmicos (como frio ou calor) ou emocionais (como estresse ou ansiedade), podendo ser tão forte a ponto de interferir na qualidade de vida e nas atividades diárias dos pacientes.
Além disso, outros sintomas que podem estar presentes:
- Sensibilidade aumentada ao toque na área do tumor;
- Alterações na coloração da pele ou da unha, podendo apresentar tons de vermelho, azul ou roxo;
- Alterações na forma ou no tamanho da unha;
- Diminuição da sensibilidade térmica ou dolorosa na região do tumor;
- Alterações vasomotoras, como sudorese excessiva ou palidez.
Figura: Tumor causando deformidade na unha. Fonte: “ Pardini – Lesões Não Traumáticas da Mão, 2ed”.
Como é feito o diagnóstico desta patologia?
O diagnóstico do tumor glômico é baseado na história clínica e no exame físico do paciente. Alguns testes podem auxiliar na confirmação do diagnóstico, como por exemplo:
Teste de Love ou Pintest: consiste em aplicar uma leve pressão na lâmina ungueal sobre o local do tumor com um alfinete ou uma caneta. Se o paciente sentir dor intensa, o teste é positivo.
Teste de Hildreth: consiste em inflar um esfigmomanômetro (aparelho usado para medir a pressão arterial) no braço do paciente até 300 mmHg e manter por alguns segundos. Se o paciente sentir alívio da dor na mão, o teste é positivo.
Teste de sensibilidade térmica: consiste em aplicar um cubo de gelo sobre a área do tumor. Se o paciente sentir dor exacerbada, o teste é positivo.
Além desses testes clínicos, alguns exames de imagem podem ser solicitados para avaliar a extensão e a localização do tumor, como radiografia, para mostrar alterações ósseas ou erosões causadas pelo tumor; ultrassonografia para avaliar a presença de uma massa hipoecogênica (mais escura) com fluxo sanguíneo aumentado; e ressonância magnética para verificar a presença de uma massa bem delimitada, com intensidade de sinal variável, dependendo da fase do ciclo vascular.
O diagnóstico definitivo do tumor glômico é feito pela biópsia, que consiste na retirada de uma amostra do tecido para análise microscópica. O aspecto histológico do tumor glômico é caracterizado por células epitelioides, que são células musculares lisas modificadas, dispostas em ninhos ou cordões, rodeadas por vasos sanguíneos.
Figura: Tumor glômico visto pela RNM. Fonte: “ Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.
Qual o tratamento para o tumor glômico?
Assim como outras patologias que causam dor na mão, o tratamento do tumor glômico é cirúrgico, visando a remoção completa da lesão.
A cirurgia pode ser realizada sob anestesia local ou regional, dependendo do tamanho e da localização do tumor.
A técnica cirúrgica consiste em realizar uma incisão na pele ou na unha, identificar o tumor e ressecá-lo com uma margem de segurança. Em alguns casos, pode ser necessário reconstruir a unha ou a pele com enxertos, ou retalhos.
A cirurgia é geralmente eficaz e resolve os sintomas dos pacientes. A recuperação pós-operatória é rápida e simples, exigindo apenas cuidados com o curativo e a cicatrização. A fisioterapia ou terapia ocupacional pode ser indicada para recuperar a mobilidade e a função da mão.
A taxa de recidiva (retorno) do tumor glômico é baixa, variando de 1% a 10%, dependendo da técnica cirúrgica utilizada.
Figura: Tratamento cirúrgico de ressecção do tumor glômico subungueal. Fonte: “ Tumor glômico: um diagnóstico fácil ou difícil? https://doi.org/10.1590/S1983-51752010000300007″
Quem procurar para diagnosticar e tratar este tipo de tumor?
Se você está sentindo algum desconforto e suspeita que possa ser um sintoma de tumor glômico é fundamental buscar a orientação de um médico ortopedista especializado em cirurgia das mãos e microcirurgias.
A mão é uma região extremamente sensível, composta por ossos, tendões, ligamentos e músculos. Por isso, é essencial que o acompanhamento e os procedimentos cirúrgicos sejam realizados por um especialista em mãos.
Caso necessite de um médico especializado em lesões e doenças que afetam as mãos, fique à vontade para falar comigo! Estou à disposição para ajudar.