A síndrome do túnel cubital é uma das neuropatias mais frequentes nos membros superiores, ficando atrás, apenas, da síndrome do túnel do carpo.
Ela se desenvolve quando há a compressão do nervo ulnar na região do cotovelo, podendo desencadear dores crônicas, dormência nos dedos anelar e mínimo e, caso não tratada, fraqueza e atrofia de músculos na região das mãos.
O que é o túnel cubital?
O túnel cubital (também chamado de fossa ou canal cubital) é uma passagem estreita por onde passa o nervo ulnar, que segue seu caminho até a mão. Este nervo traz sensibilidade aos dedos mínimo, anelar e à lateral da mão e inerva os músculos intrínsecos que abrem e fecham os dedos.
O túnel cubital é formado por um teto ligamentar constituído pelo ligamento de Osbourne, também chamado de ligamento arqueado (pois forma uma ponte ou arcada sobre o nervo ulnar) e um chão constituído por osso, cápsula articular e o ligamento colateral medial.
Figura: Anatomia do túnel cubital e possíveis locais de compressão do nervo ulnar.
Fonte: ““Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.
Quais as causas da síndrome do túnel cubital?
O nervo ulnar passa bem perto da superfície da pele do cotovelo, por isso, pode ser facilmente lesionado quando uma pessoa se apoia repetidamente sobre ele, ou quando o mantém flexionado por bastante tempo e, em alguns casos, até mesmo pelo crescimento anormal de ossos nesta região, como em sequelas de fraturas, por exemplo.
O nervo ulnar também é lesionado através de traumas ou esforços repetitivos e exagerados, como acontece com jogadores de beisebol, por exemplo, por conta da torção excessiva no braço durante o movimento de arremesso.
Esta lesão está frequentemente associada à atividade profissional, principalmente em trabalhadores que passam muito tempo com os cotovelos flexionados, principalmente quando apoiados em superfícies duras.
Dentre as causas comuns também estão associadas: artrose do cotovelo e alterações metabólicas, principalmente oriundas de diabetes, hipotireoidismo e obesidade.
No entanto, estudos indicam que, de 10 a 30% dos casos são idiopáticos, onde não é possível apontar uma causa identificável.
Figura: Demonstração do aumento de tensionamento na pele e no nervo com flexão do cotovelo. Fonte: ““Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.
Sintomas mais comuns
Os sintomas mais comuns da síndrome do túnel cubital envolvem dormência, perda de sensibilidade e sensação de agulhadas nos dedos anelar e mínimo. Também pode ocorrer dor na parte interna do antebraço e cotovelo.
Conforme a lesão evoluiu, o paciente pode ter enfraquecimento da mão, especialmente nos dedos anelar e mínimo, que dificulta o movimento de pinça dos dedos polegar e indicador e perda da capacidade de segurar objetos.
Esse enfraquecimento e incapacidade de segurar objetos ocorre, justamente porque grande parte dos pequenos músculos presentes na mão, são controlados pelo nervo ulnar.
Em casos mais graves a síndrome do túnel cubital pode ocasionar perda muscular e atrofia, com deformação da mão adquirindo forma de garras.
Figura: Território de sensibilidade do nervo ulnar em azul. Fonte: “Propedêutica Ortopédica e Traumatológica- Nelson Matitoli Leite, Flávio Faloppa”
Figura: Deformidade em garra ulnar, que pode ocorrer em casos de compressão do nervo ulnar. Fonte: “Acervo pessoal”.
Figura: Atrofia da musculatura intrínseca da mão. Fonte: “ Pardini – Lesões Não Traumáticas da Mão, 2ed”.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da síndrome do túnel cubital é geralmente feito pelo médico ortopedista, de maneira clínica, através da análise dos sintomas e do exame físico.
Em casos específicos pode ser solicitado a eletroneuromiografia ou estudos de condução nervosa, a fim de confirmar o diagnóstico, localizando e medindo o nível exato de compressão do nervo.
Existe tratamento para a síndrome do túnel cubital?
O tratamento para pacientes que apresentam a síndrome do túnel cubital costuma ser conservador e minimamente invasivo inicialmente.
Em casos onde há ligeiras compressões do nervo cubital o médico cirurgião de mão pode iniciar o tratamento com o uso de anti-inflamatórios não esteróides e, principalmente, a modificação de alguns hábitos e atividades, evitando posições que possam promover a pressão no nervo e agravamento dos sintomas.
Para isso, pode ser sugerido o uso de talas noturnas para manter o cotovelo estendido ou até o uso de órteses que protegem o nervo da compressão direta, para serem usados durante o dia.
Além disso, pode ser indicada também a realização de terapia ocupacional, com exercícios de alongamento muscular e deslizamento nervoso, a fim de diminuir as dores, fortalecer a região e impedir a compressão do nervo.
É necessário cirurgia para tratamento da síndrome do túnel cubital?
Em casos onde o tratamento conservador não surte o efeito esperado ou quando a neuropatia já está em estágio avançado, é indicada a cirurgia.
Dentre os procedimentos possíveis, existem três principais:
Liberação do túnel cubital
Neste procedimento cirúrgico, os sítios de compressão do nervo ulnar no túnel cubital são liberados, aumentando o tamanho do canal e, assim, diminuindo a pressão sobre o nervo.
Após este procedimento o ligamento começa a cicatrizar, gerando um novo tecido, agora com espaço maior, permitindo o deslizamento do nervo ulnar.
Transposição anterior do nervo cubital/ulnar
Em alguns casos o nervo é movido para um novo local, mais anterior na região do cotovelo, e protegido por algum tecido de fáscia ou gordura. Dessa forma, ele não fica mais preso na sua região de origem e não sofre mais o estiramento quando o cotovelo é dobrado.
Epicondilectomia medial
Nesta cirurgia também é realizada uma transposição do nervo, evitando que ele fique preso na crista óssea quando o cotovelo estiver dobrado.
Aqui é removida uma parte do epicôndilo medial (localizado na extremidade do úmero, que fica próximo à ulna).
Figura: Cirurgia da liberação do túnel cubital e transposição anterior. Fonte: ““Greens Operative Hand Surgery 8th edition”.
Qual médico procurar para tratar a síndrome do túnel cubital?
A síndrome do túnel cubital deve ser tratada por um médico ortopedista, principalmente aqueles com especialização em cirurgia das mãos e microcirurgias.
Por ser uma região extremamente sensível e com ossos, tendões e músculos diminutos, é imprescindível que o acompanhamento e procedimentos cirúrgicos sejam realizados por um especialista em lesões nestas regiões.
Se você precisa de um médico especialista em lesões e patologias que acometem as mãos, nervos e membros superiores, fale comigo e me deixe ajudar a curar sua síndrome do túnel cubital e melhorar sua qualidade de vida!